O Sol fritava os ovos que quebraram em minha cabeça, um sábado cálido. Lutei muito por esses ovos. Todos que transitavam pela rua ficavam perplexos observando aquele evento extraordinário – um trote; os velhos não entendiam; os jovens invejavam; os não tão velhos e nem tão jovens parabenizavam.
Depois de gastar 3 dúzias de ovos, 2 potes de creme de alho e um batom vermelho vivo, chegara o momento esperado por todos: o pedágio. Essa era parte mais importante do evento, caso fosse bem sucedida, haveria uma grande festa para todos, bancada pelas moedinhas dos motoristas solícitos. Eu e mais dois amigos fomos incumbidos de levantar fundos no sinaleiro. Quando o semáforo ficava vermelho, corríamos de carro a carro pedindo uma contribuição espontânea.
No início, inexperientes, parávamos qualquer carro. Demoramos para observar que as velinhas, os homens de terno e os fuscas não colaboravam. As velinhas argumentavam que não podiam bancar uma festa em que jovens se embriagariam. Já os homens de terno nada argumentavam, apenas sinalizavam um NÃO com o indicador, enquanto ocupavam a outra mão segurando seus celulares. E os fuscas, coitados, além de não doarem nada, pediam ajuda pra empurrar o carro ou um troco pra abastecer.
Mas não foi nada disso que me intrigou, todos sabem que fuscas precisam ser empurrados pra funcionar; foi a concorrência que surgiu devido o nosso êxito. Alguns sujeitos perceberam que aquele 'ponto' era rentável, logo surgiu um vendedor de bijuterias. O ambulante era muito mais rápido que nós três juntos, tivemos que engenhar uma nova estratégia. Uma verdadeira guerra-fria sob o Sol do meio-dia. A tática adotada consistia em exibir o calouro para todos os carros ao mesmo tempo, enquanto meus amigos recolhiam as contribuições. Eu parava na faixa de pedestre, e começava a cantar, todos ficavam olhando aquele doido sem cabelo, coberto de ovos e farinha e fedendo a alho; essa distração foi suficiente para que a concorrência sucumbisse. Até hoje não sei se ganhamos a batalha pela destreza do nosso time ou devido a nossa arma química: o alho.
Um pequeno grupo de três garotos malabaristas logo tentaram roubar a cena. Fizeram da faixa de pedestre seu picadeiro, era fantástico o que eles conseguiam fazer com 7 laranjas. Enquanto 2 faziam o show, 1 passava com seu chapéu cobrando pelo espetáculo. Não precisamos de muito esforço para quebrar essa concorrência infantil, havia uma enorme placa dizendo: “Não dê dinheiro para crianças de rua”. Eles faziam o número das laranjas, e nós ficávamos com o dinheiro, um ótimo negócio. Os pequenos artistas desistiram após alguns minutos, enquanto deixavam a esquina ouvi um deles dizer: “o jeito é fazer segundo grau e passar no vestibular, os motoristas estão mais exigentes”. Pensei comigo: “como deve estar mercado de trabalho, se para pedir esmola o ensino médio é pré-requisito...”.
Depois de gastar 3 dúzias de ovos, 2 potes de creme de alho e um batom vermelho vivo, chegara o momento esperado por todos: o pedágio. Essa era parte mais importante do evento, caso fosse bem sucedida, haveria uma grande festa para todos, bancada pelas moedinhas dos motoristas solícitos. Eu e mais dois amigos fomos incumbidos de levantar fundos no sinaleiro. Quando o semáforo ficava vermelho, corríamos de carro a carro pedindo uma contribuição espontânea.
No início, inexperientes, parávamos qualquer carro. Demoramos para observar que as velinhas, os homens de terno e os fuscas não colaboravam. As velinhas argumentavam que não podiam bancar uma festa em que jovens se embriagariam. Já os homens de terno nada argumentavam, apenas sinalizavam um NÃO com o indicador, enquanto ocupavam a outra mão segurando seus celulares. E os fuscas, coitados, além de não doarem nada, pediam ajuda pra empurrar o carro ou um troco pra abastecer.
Mas não foi nada disso que me intrigou, todos sabem que fuscas precisam ser empurrados pra funcionar; foi a concorrência que surgiu devido o nosso êxito. Alguns sujeitos perceberam que aquele 'ponto' era rentável, logo surgiu um vendedor de bijuterias. O ambulante era muito mais rápido que nós três juntos, tivemos que engenhar uma nova estratégia. Uma verdadeira guerra-fria sob o Sol do meio-dia. A tática adotada consistia em exibir o calouro para todos os carros ao mesmo tempo, enquanto meus amigos recolhiam as contribuições. Eu parava na faixa de pedestre, e começava a cantar, todos ficavam olhando aquele doido sem cabelo, coberto de ovos e farinha e fedendo a alho; essa distração foi suficiente para que a concorrência sucumbisse. Até hoje não sei se ganhamos a batalha pela destreza do nosso time ou devido a nossa arma química: o alho.
Um pequeno grupo de três garotos malabaristas logo tentaram roubar a cena. Fizeram da faixa de pedestre seu picadeiro, era fantástico o que eles conseguiam fazer com 7 laranjas. Enquanto 2 faziam o show, 1 passava com seu chapéu cobrando pelo espetáculo. Não precisamos de muito esforço para quebrar essa concorrência infantil, havia uma enorme placa dizendo: “Não dê dinheiro para crianças de rua”. Eles faziam o número das laranjas, e nós ficávamos com o dinheiro, um ótimo negócio. Os pequenos artistas desistiram após alguns minutos, enquanto deixavam a esquina ouvi um deles dizer: “o jeito é fazer segundo grau e passar no vestibular, os motoristas estão mais exigentes”. Pensei comigo: “como deve estar mercado de trabalho, se para pedir esmola o ensino médio é pré-requisito...”.
adoreiii!!
ResponderExcluir''pediam ajuda pra empurrar o carro ou um troco pra abastecer.''
hahahaha.. q sarro!!
um beijo! ;)