- A paciente está fazendo força.
E essa é a pior maneira de se começar um dia na maternidade, e foi assim que aquele dia começou. Ao contrário de quando ouvimos: ‘a paciente está com dor’, quando relatam que a paciente está fazendo força, não se tem tempo para lavar o rosto e bocejar. Na verdade, não se tem, ao menos, tempo para ficar irritado e desenvolver o fisiológico mau-humor matinal.
Pulei do segundo andar do beliche, calcei o tênis sem meia e fui correndo em direção ao centro obstétrico. Foi praticamente uma corrida de 100m rasos; sendo que para meu oponente, com apenas 38 semanas de idade, só faltava cruzar a linha de chegada; pelo menos era o que eu esperava. Na metade do caminho, ao passar pelo posto de enfermagem, notei certa tranqüilidade no modo que as enfermeiras conversavam; isso foi suficiente para eu deixar de correr e caminhar normalmente. Antes de chegar ao centro obstétrico, ainda tive tempo de observar um sujeito gordo, de camisa amarela e cabelo vermelho, assobiando da janela do hospital para as mulheres da rua. Sem fôlego e ainda sem o mau-humor matinal, não me preocupei em chamar a atenção do cidadão.
Ao ver a paciente, que não sabia se respirava ou chorava de tanta dor, fiz o que estava ao meu alcance para ajudar a aliviar aquele sofrimento gigantesco: auscultei os batimentos cardíacos fetais. É elementar que isso não causou alívio algum. Resolvi, então, proceder com o toque vaginal para avaliar se meu oponente tinha resolvido terminar sua corrida.
- Ainda falta muito doutor?
- Falta 1 hora no mínimo! – pensei.
- Falta só um pouquinho. – Falei, tentando passar um pouco de tranqüilidade para a vítima, digo, paciente.
Depois daquela 1 hora de espera assistindo gritos estridentes, respiração ‘cachorrinho’, arranhões e várias outras técnicas para o alívio de dor, finalmente levei a paciente para a mesa de parto e chamei o médico.
Após todo o procedimento cirúrgico, a enfermeira trás o pai da criança. Um senhor gordo, de camisa amarela e cabelo vermelho.
- A cara do pai. Parabenizou a enfermeira.
-Podemos colocar ele ai dentro de volta, se você quiser. –Disse, ou, pelo menos, pensei em dizer.
bah, muito bom, muito bom.. mas algo me diz que os homens definitivamente são uma subraça ruiiiim ! asiojaiosjaiojsaoi
ResponderExcluirRuim para quem?
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