segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A idade vem chegando
e a memória...
se esvaindo.



Simplicidade=virtude?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

(`)aVida

A vida é mais que puxar o ar
e sentir prazer em respirar.
É abrir um sorriso ligeiro
ao sentir, daquela pessoa, o cheiro.

A vida não é ouvir o coração
naquele ritmo regular sem emoção.
É sentir ele acelerar até a garganta
e aceitar humildemente que ela te encanta.

A vida é mais que fazer, com luz,
as pupilas se fecharem.
É abrir os olhos para o que seduz.

É ter no horizonte um destino,
ter ao seu lado um amigo
e uma alma de criança.



Com contribuição da mãe e do fernando...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Como se deve amar!

Eu te amo, logo existo!
Quis dizer o pensador...
Não há razão para viver,
senão compreender o amor.

Amar é mais que querer,
é compreender todo olhar.
É arrancar sem querer,
dos olhos um cintilar.

O amor não busca vantagem,
não tem outra pretensão
senão a felicidade.

Quem ama é livre pra viver,
vive o amor em liberdade
e vê na vida um prazer.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Recomeço

Não existe nada como um amor
com quem se possa admirar o pôr-do-sol.
Pra quem se faça uma serenata sob o luar
e, sem hesitar, banhar-se ao ver o mar;
contar estrelas, fazer desejos, viajar

Quando termina um grande amor,
voltamos os olhos para o mundo.
O pôr-do-sol deixa de ser um pano de fundo.
O luar tem toda tua atenção;
as estrelas te acompanham, escuso.
E o mar... é só rebentação.



Nesse eu tive uma colaboração da minha corretora, analista e amiga: Elaine. iEHIHEIuiE

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sem titulo, ainda.


Peguei as chaves e fui. Sem destino, sem razão, nem a tristeza e tampouco a felicidade me atormentaram nessa breve viagem inesperada. O impulso não foi espontâneo, tive que me algemar na idéia de segui-lo livremente. A cada retorno que eu via na avenida, sentia meus braços trepidarem levemente, mas o carro só acelerava. Sentia vergonha daquela imagem que refletia no painel me encarando, seu olhar pedia, saudosamente, a vontade e personalidade que possuí outrora, mas que se queimaram como gasolina.

Deixando todos os retornos no retrovisor, uma longa reta me esperava. Botei a mão para fora da janela, o vento era forte, inclinando minha mão para cima ele a levantava. A sensação era de que o vento se chocava com meu corpo com tamanha força que atravessava minha pele, músculos e vísceras, inoculando mais emoção em minha alma. O carro acelerava cada vez mais, não para fugir dos retornos, nem para ter mais vento, apenas tinha medo de entrar nos becos, vilas, ruelas.

Os braços antes contidos quando nos retornos, matinham-se inertes na reta. Cada placa de desvio que avistava, meu coração subia até minha boca, junto com o frio que dominava toda minha barriga. Fingia que não tinha visto as sinalizações, mas o olhar que vinha do painel me condenava. E sem qualquer preparação, premeditação ou aviso meus braços simplesmente puxaram o volante para a esquerda.

Apesar de proveitosa, a viagem ainda continuava sem destino e razão. Foi então que cheguei em meu destino, a linha férrea, enquanto vinha o trem, que encontrei uma razão. Ouvia gritos mandando inutilmente ‘Saia, olhe o trem’, mas meus braços e pernas pediam a liberdade de ficar. Eu já sentia o carro tremer e não escutava mais os gritos devido o barulho do trem que chegava, quando coloquei o braço para fora do carro mais uma vez. O vento ainda estava lá. O painel refletia uma imagem de olhos fechados. E foi no meu penúltimo ‘último suspiro’ que encontrei a chave das algemas. E senti que para usufruir da minha liberdade não precisava contrariar a ordem dos outros.


domingo, 12 de julho de 2009

Tributo à morte

Queria ter a Vida como amiga, mas ela é tão bela como traiçoeira. A Vida está perto no momento que se encontra nos olhos de alguém o Amor; no momento de diversão com os amigos, no momento que se faz um pedido para uma estrela cadente e no momento que se sente a brisa leve diluir o calor vindo da aurora.
É óbvio que a Amizade é solidificada nos momentos de Tristeza e necessidade. Quando no fundo do poço com uma colher empunhada para se aprofundar mais o leito sobre o qual se sustenta e, talvez, encontrar um pouco de água para se afogar; amigo é aquele que estende a mão. Onde está a Vida nessa hora? Quem afaga, abraça e cuida é a Morte. Ela é a única a acalentar e a apresentar uma solução para a Dor e o Sofrimento.
Sigo com a Morte do meu lado, ela é a luz que incide sobre minha cabeça, a luz do meu túnel vertical. Sei que quando me cansar de cavar, procurando a saída do meu claustro, ela estará ali, me esperando, e finalmente deitarei junto à ela.

domingo, 28 de junho de 2009

Desempregado

O paroxismo peristáltico levado em questão.
resguarda a inexorável idéia do povo catalão;
que se queima o pecado ao se queimar o pagão
mesmo não sendo saboroso como um perdigão.

Discuto sozinho em silêncio profundo
a mensuração da palavra, tesouro do mundo.
Sílaba, ritmo, fonética ou tradução?
Após um longo debate, chego a minha conclusão.

Escrevo por prazer, não por profissão.
Sob o olhar aristocrático e até bariátrico
meu escrito não padece, fica estático
mas na minha cabeça, gira feito peão.


Metapoesia sem regras e de rimas pobres... ninguém precisa gostar, não escrevo por profissão.

sábado, 6 de junho de 2009

A noite sendo.

A sedosa pele sua
sobre as curvas nuas de seu corpo
seduz minha sôfrega visão
por mais carícias tuas.

O silêncio rompe,
com rudimentares grunhidos ruidosos.
As paredes, o chão,
teto e telhado
todos cedem a tanto calor,
revelando o rubor dos teus traços.

Na bonança novamente,
o silêncio imperioso acompanha
sorrisos recíprocos, saborosos suspiros singelos
e beijos...
beijos...
outros beijos...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Insuficiência cardíaca congestiva

Os romanos já diziam
que o amor está no coração.
Mesmo sem a intenção, amor
fizeste edema em meu pulmão.

Nesse meu peito do lado esquerdo,
no lado esquerdo do coração,
há tanto amor naquelas paredes
que não volta pra circulação.

Contra o amor não há vis a tergo,
a jugular ganha pressão,
minhas pernas ganham cacifo
e há estertores em meu pulmão

Além de que te amo, querida,
o que te digo, com razão:
"nosso amor é suficiente
insuficiente é o coração.".

terça-feira, 5 de maio de 2009

Relatividade

Sozinho, a noite se prolonga
juntos
já amanhece.

E esse foi apenas mais um haikai... A beleza está na simplicidade, na síntese!
A ciência consegue escrever um livro com uma formiga, enquanto a arte escreve um verso com o formigueiro inteiro.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mercado de trabalho

O Sol fritava os ovos que quebraram em minha cabeça, um sábado cálido. Lutei muito por esses ovos. Todos que transitavam pela rua ficavam perplexos observando aquele evento extraordinário – um trote; os velhos não entendiam; os jovens invejavam; os não tão velhos e nem tão jovens parabenizavam.
Depois de gastar 3 dúzias de ovos, 2 potes de creme de alho e um batom vermelho vivo, chegara o momento esperado por todos: o pedágio. Essa era parte mais importante do evento, caso fosse bem sucedida, haveria uma grande festa para todos, bancada pelas moedinhas dos motoristas solícitos. Eu e mais dois amigos fomos incumbidos de levantar fundos no sinaleiro. Quando o semáforo ficava vermelho, corríamos de carro a carro pedindo uma contribuição espontânea.
No início, inexperientes, parávamos qualquer carro. Demoramos para observar que as velinhas, os homens de terno e os fuscas não colaboravam. As velinhas argumentavam que não podiam bancar uma festa em que jovens se embriagariam. Já os homens de terno nada argumentavam, apenas sinalizavam um NÃO com o indicador, enquanto ocupavam a outra mão segurando seus celulares. E os fuscas, coitados, além de não doarem nada, pediam ajuda pra empurrar o carro ou um troco pra abastecer.
Mas não foi nada disso que me intrigou, todos sabem que fuscas precisam ser empurrados pra funcionar; foi a concorrência que surgiu devido o nosso êxito. Alguns sujeitos perceberam que aquele 'ponto' era rentável, logo surgiu um vendedor de bijuterias. O ambulante era muito mais rápido que nós três juntos, tivemos que engenhar uma nova estratégia. Uma verdadeira guerra-fria sob o Sol do meio-dia. A tática adotada consistia em exibir o calouro para todos os carros ao mesmo tempo, enquanto meus amigos recolhiam as contribuições. Eu parava na faixa de pedestre, e começava a cantar, todos ficavam olhando aquele doido sem cabelo, coberto de ovos e farinha e fedendo a alho; essa distração foi suficiente para que a concorrência sucumbisse. Até hoje não sei se ganhamos a batalha pela destreza do nosso time ou devido a nossa arma química: o alho.
Um pequeno grupo de três garotos malabaristas logo tentaram roubar a cena. Fizeram da faixa de pedestre seu picadeiro, era fantástico o que eles conseguiam fazer com 7 laranjas. Enquanto 2 faziam o show, 1 passava com seu chapéu cobrando pelo espetáculo. Não precisamos de muito esforço para quebrar essa concorrência infantil, havia uma enorme placa dizendo: “Não dê dinheiro para crianças de rua”. Eles faziam o número das laranjas, e nós ficávamos com o dinheiro, um ótimo negócio. Os pequenos artistas desistiram após alguns minutos, enquanto deixavam a esquina ouvi um deles dizer: “o jeito é fazer segundo grau e passar no vestibular, os motoristas estão mais exigentes”. Pensei comigo: “como deve estar mercado de trabalho, se para pedir esmola o ensino médio é pré-requisito...”.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sorria!

Um Haikai antigo, um pouco modificado.



Sussurei um suspiro sorrindo,
subitamente,
seu semblante se alterou.

sábado, 25 de abril de 2009

A vida canta

A banda toca no jantar,

enquanto não há dança, a vida canta

e há o salão pra quem ousar.


Há belas moças de colos desnudos,

há jovens rapazes com vozes de veludo,

e há o salão pra quem ousar.


Diálogos se tecem entre as mesas.

Sorrisos desinibidos soluçam por vinho,

riem juntas a Cinderela e a Baronesa.


Mesmo para o velho cego de muletas,

com o pé esquerdo descalço e o pé direito perdido,

há o salão para ousar.


A vida é uma valsa de despedida que só se dança em casal;

as mãos se unem, os braços agarram, as vozes se confundem;

os passos se perdem, se cruzam e tropeçam.

E quando para a banda, só resta a lembrança, de que o vinho secou.

Passo-a-passo

Não cabe ao destino traçar-se sozinho
nem deve o menino procurá-lo no escuro
busque a claridade, oh pequenino
para então ver-se homem maduro

e quem sabe o destino encontrá-lo
e que sabe o destino querê-lo
e quem por ti perguntar
todos hão de dizê-lo:

eis ali o homem menino
menino que buscou o destino,
homem que traçou o caminho.